Treinamento ágil: O que é, porque é importante e como fazer.
No mundo atual de rápidas mudanças e alta imprevisibilidade, o treinamento ágil é uma capacidade essencial.
Neste artigo, analisamos em detalhe o treinamento ágil: O que é, Porque é importante para as empresas, Como analisá-lo, e Como construí-lo.
Tópicos
- O que é treinamento ágil? Uma definição
- Porque o treinamento ágil é essencial para as organizações
- Dimensões do treinamento ágil
- Como analisar o treinamento ágil
- Como ajudar a construir o treinamento ágil
- Perguntas frequentes
O que é o treinamento ágil? Uma definição
O treinamento ágil tem sido geralmente definido como:
O autor e futurólogo norte-americano Alvin Toffler, de forma mais simples, falou desse conceito como:
Em outras palavras, ao invés de ter um martelo na mão e enxergar todos os problemas como se fossem pregos você tem disponível uma caixa cheia de ferramentas completa que pode usar e mudar todas as vezes que for necessário.
Por exemplo, se você precisa de um alicate de ponta de agulha e não tem, você vai buscá-lo ao invés de tentar fazer o trabalho com uma ferramenta que simplesmente não é adequada.
Crianças constantemente aprendem novas habilidades – absolutamente tudo, desde andar, ler e até matemática mais avançada.
Nem todo o adulto tem disposição – ou mesmo capacidade – de aprender novos conceitos quando é necessário e também de assumir riscos.
Sem colaboradores com treinamento ágil as empresas não conseguem ser ágeis.
Porque o treinamento ágil é importante para as organizações?
A sua organização não consegue mudar se seus colaboradores não conseguem aprender.
Vemos isto com frequência em relação a novas tecnologias.
As pessoas podem resistir à implantação de um novo sistema mesmo quando esse novo sistema é claramente melhor do que o antigo.
De acordo com a Korn Ferry, o treinamento ágil é um dos melhores preditores de sucesso de alto e a longo prazo.
Segundo a pesquisa deles também as empresas com as maiores taxas de altos executivos com aprendizagem ágil geram margens de lucro 25% mais altas do que seus concorrentes.
Mas não são apenas as pessoas e a tecnologia que podem impedir as empresas de se adaptar.
Os recentes lockdowns da COVID-19 forçaram as empresas a reagir rapidamente.
Os colaboradores tiveram que mudar a forma como trabalhavam e isso muitas vezes exigiu novas competências.
Passaram a existir novas competências técnicas necessárias, como a utilização de videoconferências ao invés de reuniões presenciais.
E também a exigência de soft skills – como gestão do tempo e delimitação de fronteiras de responsabilidades.
Trabalhar em home office na presença de filhos e cônjuges também demanda um conjunto inteiramente novo de regras de trabalho.
Os concorrentes nunca ficam parados.
Uma das histórias mais conhecidas sobre como a falta de treinamento ágil destruiu uma empresa é a história do fracasso da Kodak.
Antes das câmaras digitais, a Kodak dominava o mercado de filmes fotográficos.
No auge, a Kodak tinha 145.000 empregados.
Agora ela tem menos de 5.000.
O que aconteceu?
A Kodak inventou a câmara digital em 1975, mas seus executivos ficaram muito assustados com a forma como essa inovação poderia prejudicar seu negócio principal – os filmes para fotografia.
Em função deste medo, arquivaram a inovação e não seguiram em frente.
Eles simplesmente não conseguiram aprender a se adaptar a essa nova tecnologia, que por ironia eles próprios desenvolveram e, ao invés disso, eles esperavam que ela desaparecesse.
Mas o grande problema foi que ela não desapareceu.
Esse erro, uma miopia gigantesca, acabou custando muito caro para a empresa, seus acionistas e colaboradores.
Os concorrentes desenvolveram câmaras digitais e a indústria de filmes fotográficos foi impactada pela mudança disruptiva.
A Kodak poderia ter liderado a revolução digital, ser o agente disruptivo, mas, ao invés disso, seus executivos não sabiam como aprender e implantar um novo modelo de negócio.
Todas as empresas enfrentam essa ameaça.
Sem capacidade de aprender novas competências, criar novos produtos e adaptar-se com rapidez às novas condições de mercado, as empresas fracassam.
Para evitar a ruína as empresas precisam de colaboradores que consigam aprender com agilidade.
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As Dimensões do treinamento ágil
A Korn Ferry identificou cinco diferentes dimensões de agilidade de aprendizagem:
Cada um dessas dimensões é fundamental para um negócio ágil e bem sucedido.
É desta forma que elas se manifestam em seus colaboradores:
– Agilidade mental: Uma pessoa mentalmente ágil está sempre interessada em aprender coisas novas; olhar para as coisas a partir de novas perspectivas.
A agilidade mental requer que o aprendiz faça perguntas e ouça as respostas. São pessoas aceitam que não sabem tudo.
– Agilidade de pessoas: É aqui que entra a verdadeira diversidade –abertura para ouvir novas pessoas, encontrar prazer em aprender sobre novas culturas, e procurar o melhor em cada pessoa.
A discordância não significa o fim de um relacionamento.
– Agilidade de mudança: Ao invés de se esconder da mudança, este tipo de aprendiz ágil aguarda a transformação com expectativa.
Ele entende perfeitamente que as coisas de hoje podem ser ótimas mas que talvez não sejam as melhores para o futuro.
Portanto, está sempre em busca do próximo melhor.
– Agilidade de resultados: Essa é a mais fácil de medir uma vez que se consegue identificar resultados com maior clareza do que se consegue identificar uma abertura de mente.
Um aprendiz de resultados busca responder aos desafios e também ajudar os outros a alcançar os resultados.
– Auto conscientização: Para aprender os colaboradores precisam conhecer os seus próprios pontos fortes e fracos.
Precisam aceitar o feedback e busca-lo para que possam promover mudanças.
O treinamento ágil está totalmente relacionado com mudança, e se você não tem consciência em relação a si próprio você não tem como saber se é preciso mudar.
Essas não são as únicas dimensões essenciais da aprendizagem.
Outras organizações sugerem coisas como colaboração e compilação de informações como competências críticas de aprendizagem, como também flexibilidade e capacidade de reunir informações a partir de múltiplas fontes.
Uma pessoa ágil precisa aceitar que a mudança é inevitável e não tentar barrá-la.
A Kodak tentou bloquear o progresso e isso acabou destruindo seu negócio.
Como avaliar o treinamento ágil?
1. Usar uma avaliação de treinamento ágil
Existem testes de avaliação profissional que se pode usar para avaliar seus colaboradores tais como o Mettl Learning Agility Assessment e o Learning Agility Assessment da IBM.
Se optar por esse caminho busque ter certeza de usar um teste que tenha sido devidamente validado e aferido.
A razão para essa recomendação é que basicamente você não vai querer ir adiante com um teste que não seja correto do ponto de vista da psicologia.
Você pode até tentar testes de amostras, mas estes devem ser considerados apenas como diversão e não como testes formais.
Uma avaliação adequada também pode ser comparada a posições ou níveis dentro da sua empresa.
Por exemplo, você pode precisar que o seu time de liderança seja mais ágil do que os colaboradores de um nível mais básico.
Do lado oposto, a Adecco realizou uma pesquisa com 5.000 colaboradores da geração Z e descobriu que eles são mais favoráveis à agilidade do que os seus colegas mais velhos.
Não surpreendentemente, como uma característica de sua geração, eles valorizam a “curiosidade, agilidade de aprendizagem e adaptabilidade” como competências centrais.
Todas essas são componentes da agilidade.
Embora estes exames psicométricos possam te dar alguns números reais, você também consegue determinar a agilidade através de coisas como inteligência emocional.
Isso pode ser difícil de quantificar.
Portanto, pode fazer sentido avaliar os colaboradores em relação ao seu desempenho.
Embora não seja um teste específico você pode observar as capacidades que seus colaboradores não possuem e aonde estas capacidades são diferenciais.
Quando você tem um colaborador que resiste à mudança, obviamente não é necessário um teste formal para constatar este fato.
Você pode trabalhar com esse colaborador através do estabelecimento de objetivos, coaching e feedback ajuda-lo a crescer na área em que ele tem dificuldade.
Um assessment pode te dar um ponto de partida mas não deveria ser um ponto de finalização. As pessoas podem mudar e você pode ajudá-las a mudar.
2. Não se esqueça da capacidade cognitiva
Embora a agilidade de aprendizagem geralmente seja vista como uma soft skill é fundamental estar consciente que as habilidades cognitivas também tem um papel importante na agilidade de aprendizagem.
As pessoas precisam ser dotadas de um certo nível de capacidade cognitiva para poderem aprender de forma ágil.
Um teste cognitivo pode, portanto, também ser uma ferramenta importante na avaliação das pessoas.
3. Foque no treinamento ágil no processo de seleção
Você também pode avaliar a agilidade de aprendizagem de um candidato através de perguntas de entrevista específicas:
– Por exemplo, pergunte ao candidato sobre sua experiência recebendo feedback.
Uma pessoa que apresente resistência em receber feedback certamente não é o perfil que você está buscando, mas alguém que aceite e incorpore o feedback em sua vida provavelmente é mais ágil.
– Pergunte ao candidato sobre suas interações com as outras pessoas, como líder e como colaborador individual.
Ele aprendeu coisas novas com seus pares ou subordinados diretos?
Incorporou essa informação em seu trabalho diário?
– Pergunte ao candidato sobre a forma como abordaria um problema inteiramente novo.
Peça que lhe dê os passos e um plano para abordar algo novo.
Veja se ele consegue estabelecer um caminho lógico e fazer um plano claro.
Isto pode envolver um plano para aprender novas habilidades ou buscar novos recursos.
– Pergunte ao candidato sobre seus resultados nos trabalhos anteriores e como os atingiu.
Estes tipos de perguntas podem te ajudar a avaliar a agilidade de aprendizagem de um candidato e se ele vai conseguir entregar a flexibilidade que a sua empresa precisa.
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Como ajudar a construir o treinamento ágil?
Você pode ajudar seus colaboradores a focarem em áreas onde são fracos.
Você consegue identificar isso através de avaliações de desempenho ou assessments.
Ajudar as pessoas a aumentar sua agilidade quer dizer que elas irão cometer erros.
De forma oposta a quando as pessoas sorriem sempre quando um bebé cai no chão aprendendo a andar, às vezes os gestores não são tão tolerantes assim quando seus colaboradores cometem erros.
Pessoas perfeitamente ágeis ainda assim cometem erros porque experimentam coisas novas.
É importante sempre lembrar que os seus colaboradores ainda cometerão erros quando começarem a caminhar com as próprias pernas.
Se você criticar ou punir as pessoas por cometerem erros elas ficarão desestimuladas e vão regredir para suas antigas habilidades.
O fracasso sempre deve ser visto como uma oportunidade para crescimento e não como um fim de linha.
O treinamento multifuncional pode ser uma forma de ajudar as pessoas a desenvolver flexibilidade.
Conhecer um processo de uma outra área pode ajudar a abrir a abrir a mente.
Aprender novas habilidades facilita a aprendizagem de novas habilidades adicionais posteriormente e evita que seus colaboradores se tornem acomodados.
O job rotation também pode ser uma boa forma de aumentar a aprendizagem do colaborador e de transferência de aptidões, conhecimentos e competências específicas.
O mesmo vale para a mentoria por parte de pares.
Recompensar a inovação, mesmo quando ela não é ainda perfeita.
Lembre-se, o mundo está mudando e o seu negócio precisa mudar com ele, mesmo que tudo esteja correndo bem no momento.
A agilidade é o que vai manter seu negócio funcionando tanto nos bons quanto nos maus momentos.
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Perguntas frequentes
O que é treinamento ágil (agilidade de aprendizagem)?
A agilidade de aprendizagem pode ser descrita como uma mentalidade que permite às pessoas desenvolver continuamente seu entendimento, crescer e usar novas estratégias que irão equipá-las para enfrentar os problemas cada vez mais complexos em suas organizações.
Porque o treinamento ágil é importante para as organizações?
É importante para as organizações ter colaboradores que tenham agilidade de aprendizagem porque:
1) de outra forma a organização não consegue mudar;
2) a agilidade de aprendizagem é um indicador de sucesso a longo prazo e aumenta as margens de lucro e,
3) para manter-se competitivo contra os concorrentes.
Como é possível avaliar o treinamento ágil?
O treinamento ágil pode ser avaliado, entre outras coisas, através de assessments de agilidade de aprendizagem, teste de capacidade cognitiva, e através de perguntas focadas na agilidade de aprendizagem em seu processo de seleção.